O Centro Paroquial de Cachopo celebrou 25 anos de existência e serviço à população idosa e esquecida da Serra do Caldeirão pela interioridade a que se viu votada.
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Foto © Samuel Mendonça
No passado domingo, o dia foi preenchido com as iniciativas que assinalaram a efeméride. De manhã foi celebrada a eucaristia de ação de graças, presidida pelo bispo do Algarve na igreja paroquial. “Quero exprimir a minha gratidão por este serviço ao longo de 25 anos e desejar que continue. Estou certo de que vai continuar com a mesma dedicação e generosidade como até aqui”, afirmou D. Manuel Quintas na eucaristia na qual administrou também o sacramento da Confirmação a sete jovens da paróquia de Cachopo.
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Foto © Samuel Mendonça
Seguiu-se então a sessão solene no Complexo Social D. Manuel Madureira Dias, que teve início com a visualização de um trabalho de reportagem sobre a instituição, realizado pela RTP.
Na sessão, o diácono Albino Martins, presidente do Centro Paroquial de Cachopo, começou por homenagear todos os colaboradores da instituição. “Ninguém pode ter a ousadia de pensar que pode consegue algo sozinho. Eu queria homenagear todos os colaboradores da instituição. Eu serei, por enquanto, a cabeça desta instituição, mas sem eles e sem os colegas de direção nada é possível fazer”, afirmou.
“Tanto se fez nestes 25 anos, mas há tanto por fazer, desde o que não ficou concluído, ao que a dura realidade dos nossos dias não cessa de multiplicar”, prosseguiu, acrescentando que o futuro perspetiva para a freguesia de Cachopo “um longo horizonte de tarefa árdua, dado o assustador envelhecimento da população e a não fixação dos jovens”.
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Foto © Samuel Mendonça
Neste sentido, o presidente reivindicou para a instituição tratamento com “discriminação positiva”, dada a sua “localização geográfica” e os seus “fracos recursos económicos”. “O Estado central e a autarquia local terão de dotar esta instituição dos recursos de que necessita, sob pena de ser muito difícil a nossa ação e o chegar mais longe no apoio a prestar. Estará aqui, contudo, uma das condições de uma instituição cada vez mais sólida e interventiva”, advertiu.
O diácono lembrou ainda os que por aquela casa passaram, membros dos órgãos sociais, da Liga dos Amigos, colaboradores e utentes que já faleceram e “que tanto deram por aquela causa”, bem como os que, ainda vivos, já se aposentaram e o atuais colaboradores.
Aquele responsável disse ainda que a instituição nunca deixou de defender que “o papel da família continua a ser preponderante para o bem-estar e equilíbrio psicossocial dos cidadãos” que ali “vivem e convivem”, tendo ao seu dispor serviços e atividades de bem-estar como cabeleireira, quinta pedagógica, fisioterapia, ginástica geriátrica, ateliês ocupacionais, apoio psicossocial e religioso, intercâmbios com gerações mais novas e até promove “simples e alegres convívio e a uma ou outra visita ou passeio”.
“Passados 25 anos é bom verificar que o Centro Paroquial de Cachopo foi uma aposta que valeu a pena”, concluiu o diácono.
O presidente da Câmara de Tavira lembrou as dificuldades com a construção do complexo social e anunciou novos apoios à prevista ampliação do lar de idosos. “Seguramente iremos oferecer os projetos do lar. Espero bem contribuir ainda, como presidente de Câmara, para financiar um bocado do lar e inaugurar o próprio lar e para ir arranjando uma ou outra estrada porque o trabalho que eles fazem também precisa de estradas melhores do que estão”, afirmou Jorge Botelho.
O bispo do Algarve afirmou que “valeu a pena não desistir, nem desanimar”, sendo “mais forte do que as dificuldades” e voltou a agradecer pelo trabalho realizado. “Obrigado. Ao casal, aos seus colaboradores, a esta freguesia, a todos aqueles que tornaram possível esta obra e a todos os que foram servidos”, agradeceu D. Manuel Quintas, pedindo o apoio de todos. “Em relação ao futuro temos de dizer todos: estamos aqui, podeis contar connosco porque queremos que esta instituição continue o seu objetivo e cresça”, afirmou, reivindicando também discriminação positiva para a instituição que percorre diariamente 500 quilómetros para realizar o apoio domiciliário. “Como é que uma instituição como esta recebe o mesmo do que aquelas que têm um raio de 10 quilómetros de assistência? Como é que uma instituição como esta pode subsistir?”, interrogou, lamentando que haja aspetos “que tantas vezes as leis não preveem com todo o seu rigor”.
A comemoração continuou com o descerramento de uma lápide alusiva ao arranjo da cobertura do edifício para correção de um problema de infiltração de água que permanecia desde a construção do edifício e substituição da cablagem do sistema de segurança que entretanto se deteriorou. A obra, realizada em quatro meses, foi suportada pela Câmara de Tavira em 70 mil euros.
Foi ainda inaugurado um novo painel com a representação de uma árvore composta pelos nomes (incluindo os já falecidos) de todos os fundadores, utentes, colaboradores e liga de amigos da instituição.
Depois do almoço, no qual foram cantados os parabéns à instituição e partido o bolo de aniversário, teve início a tarde cultural com um concerto do Coro de Câmara da Sé de Faro “Cantate Domini”.
O Centro Paroquial de Cachopo, com 42 colaboradores, assiste 115 idosos, 30 em lar (com cerca de 60 em lista de espera), 20 no centro de convívio, 15 em centro de dia e 50 em apoio domiciliário, estes dispersos por 23 montes da serra algarvia.