O Centro Paroquial de Cachopo tem em plena serra do caldeirão uma quinta pedagógica que ocupa cerca de dois hectares e que produz parte dos alimentos consumidos na instituição.
Para além da sua horta com plantações de melão, melancia, tomate, pepino, pimento, batata, batata-doce, couve, repolho, alface, feijão, brócolos, abóbora, cebola ou curgete, entre muitas outras, a Quinta Pedagógica de Cachopo é constituída ainda pela vertente animal composta por cabras, ovelhas, galinhas, patos, porcos, um burro e dois cães e vários gatos.
Iniciado em 2009 mas oficialmente inaugurado em agosto de 2013, aquele visa ser também um espaço de aprendizagem, lazer e bem-estar e de inter-relação entre diferentes gerações. Pensada para manter vivas as tradições locais e os costumes dos utentes do centro paroquial que viveram uma vida em que a lavoura e a criação de animais, assim como a produção de mel e de cortiça, sempre foi sinónimo de sustento, a quinta é hoje pouco usada pelos utentes da instituição que já não conseguem descer e subir a escadaria que lhe dá acesso encosta abaixo, nem realizar grandes trabalhos na terra.
Para os membros daquela geração, o espaço serve agora muito mais como revigorante da alma quando se aproximam da varanda do centro paroquial para o contemplar e matar saudades.
Retrato da vida no campo, a quinta transmite aos mais novos os conhecimentos do ancestral saber das gerações que os precederam e que se tem vindo a perder. Principalmente nos meses de verão, o espaço é visitado por alunos de muitas escolas e também do ensino pré-escolar. “O ano passado tivemos todas as quartas-feiras, durante o mês de julho e agosto, visitas de 15/20 alunos de escolas do concelho de Alcoutim”, testemunha ao Folha do Domingo, Adriana Pereira, responsável pela Quinta Pedagógica de Cachopo e uma das três pessoas que ali trabalham mais regularmente, acrescentando que mesmo as crianças que vivem em concelhos do interior, como Alcoutim, já quase não têm contacto com o trabalho agrícola.
Na quinta, para além de tomarem contacto e aprenderem a conhecer as diferentes espécies vegetais, ajudando também nos trabalhos da horta, e observarem a criação das espécies animais, os alunos podem ainda realizar workshops como o de fabrico de pão que os elucida acerca do ciclo de alimentação humana a partir da natureza.
A produção na quinta não é biológica, mas, segundo os responsáveis, procura-se reduzir ao mínimo o uso de pesticidas e herbicidas. “Hoje em dia há tantas pragas que é difícil prescindir totalmente de químicos”, considera Adriana Pereira, acrescentando ainda que não fazem compostagem, mas aproveitam o estrume produzido pelos animais como adubo natural.
A rega é feita a partir de um poço com nascente, existente na horta, e também é usada a água de uma ribeira próxima que, em alturas de maior necessidade, é bombeada para dentro daquele reservatório.
A edificação da Quinta Pedagógica de Cachopo, apoiada também pela Câmara de Tavira, teve comparticipação financeira do PROAlgarve e do Programa AGRIS. Com uma execução total de 129.770 euros, o projecto foi co-financiado numa primeira fase pelo primeiro programa em 21.133 euros e numa segunda fase pelo segundo apoio em 75.309 euros.